Varanda Virtual

31.10.07

Sorria

Aí está o coringa do novo filme do Batman...me parece que dessa vez teremos um coringa realmente assustador....Medaaa!!!

30.10.07

Mulher Moderna

Ser mulher é um misto de prazer e, digamos, devoção. Tem que ser bem cuidada. A pele tem que estar sempre uma seda, sem manchas, nem cravos e nem espinhas. A coluna ereta numa postura eterna de deusa grega. Não se pode andar, a mulher tem que flutuar a cada passo leve que não toca o chão.
O espaço na pia do banheiro diminui na mesma proporção da idade feminina. Creme pra área dos olhos, creme facial anti-rugas, protetor solar, hidratante para o corpo, creme anti-celulite, creme anti-estria, creme para os seios, creme para os pés, creme para as mãos. Ufa! Isso é ser mulher. Além de tudo isso, precisa ser inteligente e fazer academia todos os dias. É necessário que seu corpo seja perfeito. Bundinha durinha, seios em pé, cabelos sedosos. E também tem que ter senso de humor. Saber a tirada correta na frase engraçada. Ah, a mulher tem que ser séria também. Os resultados na reunião da empresa têm que ser precisos e claros. E tem que ser criativa , não se pode cair na mesmice. A criatividade serve pro trabalho e pro casamento.
Pelo menos uma vez por semana, a mulher perfeita tem que ir ao cabeleireiro. Cortar, tingir, arrumar as unhas, hidratar o cabelo. E sempre tem algum homem dando opinião sobre a cor que ela deve tingir ou que esmalte ele gosta mais. Como toda mulher tem que ser perfeita, ela faz exatamente como marido pediu. Corta o cabelo, ou não, tinge da cor predileta e usa o esmalte que ele gosta mais. Tudo exatamente como foi pedido até que ele muda de idéia algum tempo depois. Homem também é tudo igual.
Não é fácil ser mulher. Acordar cedo todos os dias. Creme, creme, creme. Frutas e sucos no café da manhã pra manter a forma. Aperfeiçoar os contornos do rosto: rímel, lápis, batom, sombra. No trabalho tem que ser a melhor. Trabalhar feito louca o dia todo. Ir pra academia. Fazer janta. Arrumar a casa. Cuidar do marido. Creme, creme, creme.
Mulher moderna tem que ser executiva, esposa, amiga, alegre, esportista, amante. Se a perfeição não existe, nós lutamos todos os dias para fingirmos que somos perfeitas e, haja o que houver, não abaixamos a cabeça e nem descemos do salto alto. Principalmente se o sapato for Prada ou Jimmy Cho.

27.10.07

Má Recepção

A televisão americana passa por um de seus momentos mais interessantes, na verdade acredito que hoje ela é muito mais criativa e ousada que o Cinemão ianque. Quebrou-se os velhos tabus e fórmulas das sitcoms e séries de detetives baratas e, enquanto nas telonas dos cinemas vemos mais e mais repetições de fórmulas a exaustão, continuações sem sentido de blockbusters dos anos 80 com seus protagonistas cinquentões e refilmagens de filmes asiáticos, as emissoras gringas (seguindo a pioneira HBO) nos presenteiam com atrações de qualidade como Lost, 24 horas, Os Sopranos, Sex and the City e House. Acredito que muita gente da indústria de lá percebeu isso também, pois hoje vemos cada vez mais atores e outros profissionais de cinema migrando para a TV; uma heresia, verdadeiro suicídio artístico até alguns anos atrás.

Então eu pergunto: com esse momento criativo borbulhando na TV americana, com tantas séries legais à disposição no mercado, por que o Canal Sony (um canal dedicado às séries) nos apresenta uma programação tão capenga? Por que colocar na grade não uma, mas DUAS séries sobre futebol americano, um esporte que não existe aqui no Brasil? Por que uma noite inteira dedicada a comédias inglesas de mais de 5 anos atrás, com formato e piadas totalmente defasadas? E por que, oh Deus, na chamada do já cancelado "Queer Eye" o ícone do programa é um imenso VIBRADOR??!!?
Quero o Bozo de volta...

9.10.07

Imagem Fiel de Mim Mesma

“Tenho em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda.” Clarice Lispector. Tenho em mim uma imagem freqüente. E é assim que me reconheço. Tenho em mim a vontade, fiel cópia de minhas inspirações poéticas. Talvez românticas. Vejo uma cabana criada na madeira mais pura das florestas geladas. Um lago de águas claras, dançando a melodia de brisa corrida pelos cantos. Minha mente se encontra apagada. Apenas jogada nesse cenário utópico, bucólico. Minha mente sou eu sentada na varanda da cabana. Papel e caneta às mãos dando o toque final no possível livro. Imagens freqüentes. Clarões na floresta, montanha ao fundo lembrando a geada que caíra. Patagônia ou Alasca. Depende de mim. Da minha vivacidade, da minha lucidez. Um pouco de fantasia. Um pouco de mim mesma neste cotidiano entorpecente que me invade. Bichinho que brinca na mata, pássaros voando no céu. Dia úmido por causa da neve que derrete no alto. Sinto-me pura. O interessante do cenário é a luz que distorce a força. Grita em mim uma verdade que não entendo. Passo meus olhos atônitos por um instante de realidade móvel. Há em mim uma maneira de ver o mundo. Ondinhas se formam no lago transparente. Escolho uma borboleta que nasce na flor. Corro os dedos pelos cabelos e encontro idéias soltas, quase que posso tocá-las. Como algo que se vai. E volta. A cabana não tem aquecedor, apenas lareira que queima fogo. Por enquanto, aconchego meu frio ao chocolate quente da caneca. Linhas são preenchidas por algo que não sou eu. Eu sou este pensamento. Eu sinto toda a imagem Eu crio toda a história. Eu me viro do nada. Quis descobrir o pequeno caminho que leva o bosque a casa. Colhi algumas flores amarelas e outras lilases. Fiz um buquê do que encontrei em seguida e joguei pedrinhas na direção das estrelas do céu. Ali estou comigo. Sinto o ar da montanha entoando cânticos. Sinto o nada. E pra mim, o que há em mim, um nada me basta.