Brasileiros e brasileiras
Permitam-me dar minha opinião sobre as eleições presidenciais de 2010. Este ano não irei votar, pois meu domicílio eleitoral é em SP, estou morando em Uberlândia e ainda não transferi meu título para cá. Assim sendo, me sinto mais a vontade para falar sobre o assunto.
A questão é que mesmo se fosse votar agora em outubro provavelmente anularia meu voto. Não é uma prática que me agrada, mas definitivamente não tem nenhum candidato que eu concorde na maioria de suas propostas de governo.
O Serra é um cara antipático, mas é um político sério. Conseguiu avanços como ministro da saúde e tem experiência administrativa de um estado que é quase um país. O PSDB é um partido que sabe separar legenda de governo e não tem um histórico de se misturar com a máquina pública, contaminando-a.
Então porque não voto no Serra? Simples: pelo histórico do governo do PSDB em São Paulo. Estamos falando de um estado rico, o mais próspero do Brasil e minhas visitas a várias regiões do interior só comprovam o fato, mas isso não tem nada a ver com o PSDB. Aliás, o crescimento econômico do Brasil nada tem a ver com partido político algum.
Após 16 anos governando o estado de São Paulo (e por muitas vezes também no comando da prefeitura da capital) o PSDB pouco avançou em questões fundamentais como saúde e educação, para completar, na capital persistem três de seus maiores problemas: as enchentes no verão, a violência e o transporte ineficiente. É inadmissível que com tanto tempo para pelo menos avançar em relação a tais problemas, um estado como São Paulo ainda tenha sua capital debaixo d’água todo começo de ano e um trânsito totalmente caótico, estradas com cobranças abusivas de pedágio, violência desenfreada. O PCC nasceu no ventre da incompetência tucana na questão da segurança pública. Porque acreditar que um governo do PSDB não fracassará no âmbito federal?
Em relação aos seus aliados o PSDB também fica a dever, o DEM mesmo depois de sua “reestruturação” representa tudo de mais velho que existe na política e se fosse eleito, Serra teria o PMDB a seu lado. Ponto negativo para essa turma aí.
A Dilma também é uma pessoa séria e o PT mostrou que pode governar um país como o Brasil. Crescemos economicamente (como disse isso nada tem a ver com os partidos) e a distribuição de renda melhorou. A política de habitação também evoluiu e por mais que a classe média torça o nariz, Lula é amado pelo povo e tem credibilidade no exterior, o que ajudou bastante na excelente imagem que o Brasil construiu lá fora. Dilma seria uma continuação de uma política de crescimento que mostra resultados.
Porque então não voto na Dilma? Simples: pelo histórico do PT no governo federal. Assim como o PSDB em São Paulo, o PT também priorizou as questões econômicas e de redistribuição de renda. O Brasil não evoluiu na saúde nem na educação, questões que considero prioritárias. As estradas estão em ruínas e os aeroportos operando acima de suas capacidades e a pior questão de todas: a posse da máquina do governo pelo PT e seus aliados. Esta prática repulsiva é a raiz de muitos dos casos de corrupção e uso indevido do poder, além de ser responsável pelo inchaço da máquina pública através da criação e loteamento de cargos em todas as esferas do governo.
No que diz respeito às alianças, o PT consegue ser ainda pior que o PSDB. Rasgando as páginas de sua história, se junta não só ao execrável “pseudo-partido” PMDB, como também a figuras como Fernando Collor.
No fundo, hoje não existem maiores diferenças nos planos de governo do PSDB ou do PT, o que separa os dois partidos são as formas e caminhos que cada um acredita ser o correto para alcançar os mesmos objetivos. O PT é mais centralizador, cria raízes dentro das instituições e tem um histórico de programas sociais. O PSDB é mais liberal, preocupado em enxugar a máquina pública e manter as contas em dia.
A tal terceira via para mim não existe. Não acredito que Marina Silva tenha capacidade ou competência para ser presidenta de um país como Brasil. Admiro seus esforços e seu discurso verde, mas também discordo de muitas de suas crenças e revendo seu papel como ministra, acredito que mais falou do que realizou. Marina é uma figura política interessante, assim como o inteligentíssimo Plínio de Arruda, uma pessoa que os brasileiros deveriam conhecer melhor (pena que resolveu se aliar a uma política de esquerda datada e falida), mas penso que são candidatos a se ouvir e não para se votar.
Fico na esperança sempre de que, independente de quem vença as eleições, o Brasil amadureça politicamente e que um dia tenha candidatos, partidos e políticas que mereçam o meu voto.