Varanda Virtual

9.3.07

Eu Quero Lutar

Existe um ditado americano que diz: “devemos saber escolher nossas batalhas”. Não que eles estejam levando a frase muito a sério ultimamente, mas sinto que ela deveria começar a ser adotada em nosso país o quanto antes.

Estamos recebendo a visita do presidente norte-americano George Bush e, claro, já começaram os protestos. São milhares de pessoas nas ruas de todo o Brasil marchando e enfrentando a polícia aos gritos de “fora bush!”. Alguns parlamentares estenderam no Congresso Nacional faixas de repúdio à visita.

Eu também não morro de amores pelo Bush, mas cá entre nós, esse tipo de protesto não serve pra nada. O pequeno George não vai saber (e nem quer saber) de nada disso e nossos políticos estão mais preocupados em recebê-lo bem, a polícia que mantenha a massa atrás da cerca. Então pergunto: estamos escolhendo bem as nossas batalhas?

Protestamos contra a visita de Bush, nos unimos na torcida pela seleção brasileira de futebol, trabalhamos em conjunto para que as escolas de samba dêem show no carnaval, choramos e sorrimos com as novelas e os big brothers...

Desde que a Guerra do Iraque começou a quatro anos, morreram pouco mais de três mil soldados americanos, neste mesmo período foram assassinados mais de duzentos mil brasileiros em todos os cantos do país. Vivemos com medo, desempregados, humilhados e as autoridades fingem que não vêem nada e esperam que os problemas se resolvam sozinhos.

Por que não temos a mesma união e patriotismo que temos na Copa do Mundo em época de eleições? Também somos responsáveis pelos “mensaleiros” e “sanguessugas” que elegemos para o Congresso e Senado.

Antes tivéssemos o mesmo interesse pelo andamento político e econômico do Brasil que temos pelo destino do vilão e da mocinha da novela das oito, assim a maioria dos brasileiros teria condições de cobrar e fiscalizar nossos representantes, e, ao menos, saberia o nome do nosso vice-presidente ou do ministro da fazenda.

E seria muito difícil nos dedicarmos ao nosso trabalho com honestidade e seriedade como nos dedicamos para construir o mais belo carnaval do planeta?

Talvez estejamos destinados a sermos o eterno “país do futuro”, onde cem milhões vivem na pobreza e meia dúzia fazem compras na Daslu. O país da impunidade e da TV digital, da corrupção e do penta, da fome e do celular. Ufa, ainda bem que somos livres...

E para você, o que é ordem e progresso?